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  • Foto do escritorMUR Uberlândia

SOBRE SANTOS - São Tomás Moro


Considerado o padroeiro dos governantes e políticos, Tomás Moro (ou Thomas Moore) nasceu em 7 de fevereiro de 1478 no bairro Chelsea, Londres, na Inglaterra. Seus pais eram cristãos, tendo sido Tomás um rapaz de grande vida de fé. Casou-se com Jane Colt e teve um filho e três filhas, e após ter se tornado viúvo, casou-se com Alice Middleton.

Com quatorzes anos, o jovem Moro foi enviado pelo arcebispo de Canterbury, de quem era mensageiro, para Oxford para que completasse seus estudos, uma vez que era de excelente gênio intelectual. Seu pai, o jurista John Moore enviava apenas a quantia indispensável para que ele se mantivesse na cidade com seus estudos. Ao retornar para Londres, Tomás estudou direito por pedido de seu pai e convivia bastante com a ordem Cartuxa de Londres, participando dos exercícios de penitência e oração dos monges. Erasmo de Rotterdam, humanista famoso de quem Tomás se tornou amigo, testemunha em uma de suas cartas: “Aplicava-se de corpo e alma a exercícios de piedade, meditando sobre a sua vocação monástica, em vigílias, jejuns, orações e outras práticas austeras.” Sua filha Margarida mais tarde revelou que o santo usava um cilício permanente e apesar disso, ele era de um bom humor intacto e grande jovialidade, fato pelo qual o santo foi por toda vida chamado de “o jovem Morus”. Moro possuía grande talento, sendo com apenas vinte e dois anos de idade, doutor em direito e um professor brilhante. O santo escreveu obras famosas da literatura universal como “O diálogo do confronto contra as tribulações”, “Oração para o bom humor” e o mais famoso deles “Utopia”.

Em 1504, foi eleito para o Parlamento inglês tendo conseguido grandes feitos como impedir a promulgação de uma lei injusta. Por suas proezas, ele se tornou o homem mais popular do país. A popularidade dele era tão expressiva que nas escolas, seu nome era envolvido, por exemplo, em questões de um compêndio de retórica disseminado em todas as escolas de Inglaterra, como podemos ver no exercício: “Exprimir em latim, de quatro modos diferentes, esta proposição: Morus é um homem de espírito angélico e de inigualável saber.” Com todo o seu brilhantismo, Moro foi eleito em 1529, conselheiro do Rei, “Lord Chancellor”. Apesar de toda a sua popularidade, Tomás nunca se afastou dos pobres e necessitados, buscando sempre atender as reais necessidades deles. Sua casa sempre estava repleta de intelectuais e pessoas humildes. Era admirado por sua esposa e filhos por seu caráter e bom humor constantes.

Tomás Moro viveu uma situação conflituosa com o rei Henrique VIII. Essa situação envolveu a Igreja, a Inglaterra e boa parte de mundo. Henrique VIII visava o divórcio com a rainha Catarina de Aragão para casar-se com a cortesã Ana Bolena. Sua desculpa era que Catarina não lhe dava um herdeiro homem. Entretanto, a Igreja na figura do Papa, fiel à palavra de Cristo, seguindo o que se diz em Mt 19, 6b: “Portanto, não separe o homem o que Deus uniu”, não concedeu o divórcio ao rei. Mesmo assim, Henrique VIII casou-se com Ana contrariando a Igreja. O monarca então, consumou o cisma contra a Igreja Católica em 1531, dando cabo a fundação da Igreja Anglicana. Henrique se autoproclamou líder da Igreja da Inglaterra, intitulando-se “Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra”. O rei usou do Parlamento inglês, tendo este se curvado a ele e publicado o Ato de Supremacia que proclamou o rei e seus herdeiros com sucessores temporais da Igreja na Inglaterra.

Tomás prevendo o desastre, já havia renunciado à suas funções públicas junto à Coroa inglesa em 1532. Recusou-se a assinar o juramento de fidelidade ao novo líder religioso e afastou-se silenciosamente da política. Mas, o silêncio dele, sua recusa em aprovar o adultério do rei gritavam na sociedade inglesa. O santo mesmo não sendo mais parte do governo inglês, foi perseguido pelo rei e negando-se a obedecê-lo em suas arbitrariedades, foi condenado por alta traição à Coroa e tornado réu de cárcere. Ficou preso por quatorze meses na prisão da Torre, “Tower” de Londres, onde se dedicou à meditação resultando em um precioso livro intitulado “Consolo na Tribulação”. Em vão, os nobres da corte tentavam diminuir o ânimo de Tomás, o duque de Norfolk, amigo dele, lembrou-lhe do risco de vida que corria: “Indignatio principis mors est.A indignação do soberano acarreta morte.”; ao que Moro respondeu: “Só isso, milord? Em tal caso, só haverá uma diferença entre nós: é que eu morrerei hoje, e Vossa Mercê amanhã!”. Em uma prece, ele se mostrava em prontidão para o sacrifício: “Dai-me, ó Senhor, o desejo de estar junto a Vós, não para me subtrair às calamidades deste mundo ou às punições do outro, ... nem por algum interesse pessoal, mas única e exclusivamente por amor de Vós.

Em 1º de julho de 1535 foi condenado à morte e executado cinco dias depois, em 6 de julho. Chegado ao patíbulo da execução, pediu que o auxiliassem a subir os degraus, dizendo: “Ajudai-me a subir; para descer, providenciarei sozinho!”. Tendo subido, rezou o salmo 50, salmo penitencial de Davi, amarrou a venda sobre os olhos; e, ao deitar-se sobre o tronco de morte, dirigiu-se ao carrasco, dando-lhe uma moeda de ouro pelo serviço que ia executar e lhe disse: “Coragem, rapaz, não receies cumprir o teu dever. Tenho o pescoço curto. Não vás bater de lado com o machado, para não te desonrares como bom profissional”. Ainda levantou a cabeça para arrumar a longa barba branca que havia deixado crescer no cárcere, dizendo: “Não merece ser cortada, pois não cometeu traição alguma”. Proferidas estas palavras, recebeu o golpe mortal com ânimo sereno. Um ano mais tarde, incapaz de dar um herdeiro aos Tudors, também Ana Bolena foi executada por Henrique VIII, que ainda se casaria com outras quatro mulheres antes de morrer.

São Tomás Moro foi canonizado em 1935 pelo Papa Pio XI e sua memória é celebrada no dia 22 de junho, junto a São João Fisher, bispo e amigo de Tomás, com quem defendeu a Igreja e recusou-se a obedecer a Henrique VIII. Sobre o Tomás, São João Paulo II declarou no ano 2000: “A vida de S. Thomas Moore ilustra, com clareza, uma verdade fundamental da ética política. De fato, a defesa da liberdade da Igreja face a indevidas ingerências do Estado é simultaneamente uma defesa, em nome do primado da consciência, da liberdade da pessoa frente ao poder político. Está aqui o princípio basilar de qualquer ordem civil respeitadora da natureza do homem”.

São Tomás Moro rogai por nós!!!


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