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Criação vs. Evolução: Totalmente Antagônicos?


Olá meus queridos, a paz de Cristo o amor de Maria esteja com todos! Muitos já devem ter se deparado na escola ou universidade sobre o “embate” criacionismo/evolucionismo. Mas será que essas duas questões são tão contrárias como dizem? A teoria da evolução é realmente incompatível com o fato de termos sido criados por Deus?


Primeiramente, faz-se importante entender que a Igreja não procura intervir no debate científico. Na encíclica Humani Generis (1950) o papa Pio XII diz claramente que a Igreja não quer intervir no debate científico, mas orienta aos cientistas serem cautelosos quanto à certas “hipóteses”. No parágrafo 36, se lê:

“O magistério da Igreja não proíbe que nas investigações, disputas entre os homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo humano em matéria viva preexistente (...)”

Entenda-se que para nós isso é indiferente, pois Deus pode muito bem ter criado todas as coisas da forma como são, mas também pode tê-las criado aos poucos de forma lenta e gradual. A Igreja nos lembra de crer que Deus criou, e não como criou. Porém, é importante também entender que a ciência pode se ocupar da origem do corpo humano (matéria), mas não da origem da alma humana. A fala sobre esse último compete à filosofia e teologia. A alma humana provém da criação de Deus. Ainda nessa questão, São João Paulo II escreveu em 1996 à Pontifícia Academia de Ciências sobre a teoria da evolução relatando que a seu ver, já via tal teoria não mais uma simples hipótese, porém algo mais concreto. Tal fato levou a uma certa perturbação em alguns cientistas religiosos, pois a hipótese evolucionista não era mais concebida como a 46 anos antes. Na perspectiva do Deus criador, havia então um debate no campo científico: de um lado, um projeto inteligente no qual uma inteligência divina ocasionou com sua intervenção pedagógica, providencial e gradual uma “mudança das coisas” e; do outro lado, a hipótese de que as coisas evoluíram um pouco aleatoriamente sem tanta intervenção divina. Com sua visão, João Paulo II não propôs que o debate fosse resolvido, mas sim que as coisas não seriam tão remotas assim, deixando sempre claro que a Igreja respeita os estudos sobre a evolução em intervir no debate científico. Não é impossível conciliar a fé católica com a teoria evolucionista, desde que esta não exclua Deus desse processo evolutivo, ou seja, Deus pode em qualquer momento intervir nesse processo.


Mas o que hoje bem sabemos é que o debate “Criação vs. Evolução” se dá pela contraposição das duas ideias, colocando-as como se fossem completamente opostas. Mas a verdade é que é impossível realizar essa comparação. Sim, impossível, pois ambas as noções estão em campos diferentes do conhecimento e a contraposição delas é uma armadilha em que muitos estudiosos, religiosos ou não, caem frequentemente. Mas o que seria então cada um desses conceitos?


Por “Criação” entende-se um termo filosófico e teológico que significa “dar o ser ao que não o tinha totalmente, sem uma causa material já preexistente”. “Evolução”, por outro lado, é um termo biológico que supõe que os seres existentes podem sofrer transformações, mutações e ganhar características que não possuíam anteriormente. Partindo dessas definições, digamos como anteriormente: “Não é impossível conciliar a fé católica com a teoria evolucionista (...)”.


Então, por que há tanta confusão quanto a essas ideias? O que acontece é que muitos cristãos tomam o livro do Gênesis como um relato literal da criação de Deus, o que não deve ser feito. A Bíblia Sagrada é um livro de fé que serve à teologia e filosofia (das quais vem a noção de criação) e não um livro de ciências. A essência do Gênesis é entender que tudo o que existe foi criado por Deus, como professamos no credo: “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra”. Ao lermos que o mundo foi criado em seis dias, o que temos de entender é que “seis dias” podem significar milênios, séculos, anos... e que a criação foi um processo e não um instante.


Mas interpretar o Gênesis de forma literal não é o único problema, é um erro comum também crer que a evolução é explicação para tudo aquilo que existe. Em sua teoria, Charles Darwin apenas explica sobre a diversidade das espécies que existem, o que não serve para explicar como surgiu nosso planeta com tudo o que há nele. O Darwinismo não é um contraponto ao que diz a Bíblia. Entendamos de uma vez por todas que, Darwin explicou basicamente a forma, o mecanismo de seleção das espécies na natureza, a “Seleção Natural”, e também que os seres se diferenciam uns dos outros pelas mutações que permanecerão ou não dependendo do sucesso adaptativo. Porém, ele não explicou como é possível que as mutações sejam inteligentes. Pense: como seria possível que uma colônia de bactérias decidisse que eram mais viável se ajuntar e formar organismos maiores e se especializar em diferentes funções? Como seria possível que elas “raciocinassem” para tal ponto? Tomando como verdade que as células passaram por mutações e surgiram delas diversos organismos, entendemos que a seleção natural auxiliou no processo adaptativo. Mas como isso se deu? Quem teve essas “ideias”? Como surgiram os sistemas circulatório, digestivo e nervoso? Darwin não explicou como isso foi possível, apenas descreveu esse processo.


O próprio Darwin, em uma carta a Bentham datada de 22 de maio de 1863 reconhece que a seleção natural, base de sua teoria não passou de uma mera hipótese de trabalho:

“A crença na seleção natural deve hoje fundar-se inteiramente sobre considerações de ordem geral. Quando descemos a particulares, podemos provar que nenhuma espécie mudou ou (com outras palavras) não podemos provar que uma só espécie tenha mudado; também não podemos provar que as mudanças pressupostas sejam úteis, tese que constitui o fundamento da teoria.”

Na edição definitiva da obra sobre a “A Origem das Espécies” (1882), o estudioso falava do Criador e afirmava: “Julgo que minhas concepções não são necessariamente ateias” e reconhecia que o acaso não se explica nesse mundo. Em 1881 escreveu a um amigo:

“Exprimiste minha convicção íntima... a saber: o universo não é o resultado do acaso. Mas a dúvida me assalta sempre, e pergunto-me se as convicções do homem, que se desenvolveu do espírito de animais inferiores, têm algum valor, de sorte que nelas possamos de algum modo confiar” (Vida e correspondência t. I 386)

Esperamos que essa tenha gostado da postagem e sanado essa potencial dúvida! Que a graça de Deus desça sobre cada um de nós e nos impulsione a ele pelas asas da fé e da razão!


FONTE:

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