Parece assunto batido. Sabemos bem que os católicos não adoram as imagens dos santos, mas sim as veneram. Apesar disso, muitos não conseguem se defender quando atacados. Vamos entender essa questão e dar esse assunto por encerrado.
Primeiro ponto: entendamos a diferença entre IMAGEM e ÍDOLO. A imagem é objeto que remete, que lembra, a pessoa que está representada. Podemos pensar analogamente em uma fotografia de alguém querido: ela não é a pessoa em si, mas remete a ela. Já o ídolo substitui o verdadeiro e único Deus. São-lhes atribuídos poderes exclusivamente divinos e oferecidos a eles sacrifícios devidos ao verdadeiro Deus. Os judeus fizeram isso quando adoraram o bezerro de ouro: “O povo reuniu-se em torno de Aarão e lhe disse: ‘Vamos! Faze-nos deuses que caminhem à nossa frente…’. Aarão lhes disse: ‘Tirai os brincos de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas, e trazei-os a mim.’ […] Recebendo o ouro, ele o moldou com o cinzel e fez um bezerro fundido. Então eles disseram: ‘Aí tens, Israel, os deuses que te fizeram sair do Egito!’ […] Levantando-se na manhã seguinte, ofereceram holocaustos e apresentaram sacrifícios pacíficos.” (Ex 32, 1b-2.4-6a). O ídolo é o ser em si mesmo, é um falso deus. A proibição de Deus é quanto fazer imagens de ídolos, ou seja, falsos deuses.
Segundo ponto: entendamos a diferença entre ADORAÇÃO e VENERAÇÃO. A adoração, culto de adoração, ou “latria” é devida somente a Deus, Todo-Poderoso e Senhor do Universo. A palavra “latria” vem do grego “latreia” que significa “serviço ou culto prestado a um soberano senhor”, ou seja, adoração. Quando falamos em veneração, estamos falando de uma “dulia”, do grego “doulos” que significa “servidor”. A dulia em português é fazer reverência, veneração. Trata-se do culto prestado aos santos e anjos.
A veneração das imagens foi algo prescrito pelo próprio Deus. No Antigo Testamento, Ele mesmo mandou que fossem confeccionadas imagens como os querubins, a serpente de bronze que prefigurava o Cristo crucificado, os leões do palácio de Salomão, etc. O uso das imagens é defendido pela própria Bíblia como é possível verificar em várias passagens: Êxodo 25, 17-22; 37, 7-9; Números 21, 8-9; 1Reis 6, 23-29.32; 7, 26-29.36; 8, 7; 1Crônicas 28, 18-19; 2Crônicas 3, 7.10-14; 5, 8; 1Samuel 4, 4; 2Samuel 6, 2; Sabedoria 16, 5-8; Ezequiel 41, 17-21; Hebreus 9, 5 e outras.
O Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 2132 afirma:
“O culto cristão das imagens não é contrario ao primeiro mandamento, que proíbe ídolos. De fato, ‘a honra prestada a uma imagem se dirige ao modelo original’, e ‘quem venera uma imagem venera a pessoa que nela está pintada’. A honra prestada às santas imagens é uma ‘veneração respeitosa’, e não uma adoração, que só compete a Deus.”
Nos primeiros séculos da Igreja, os cristãos pintavam e esculpiam imagens de Jesus, Maria, dos Santos e Anjos para venerá-las. Podemos atestar esse fato dando um pulinho nas catacumbas e nas Igrejas de Roma dos primeiros séculos. A mais antiga imagem da Virgem Maria está em fragmento do afresco das catacumbas de Priscilla, em Roma, datada do início do século III.
A veneração da imagem de um santo traz um sentido profundo, pois ela nos lembra que a pessoa representada nela: é santa e viveu conforme a vontade de Deus sendo “exemplo de vida e santidade” para nós; está no céu em plena comunhão com nosso Deus; intercede por nós sem cessar (visão beatífica), pois não estão mais inseridos em nossa concepção de tempo e espaço. Além disso, nos faz lembrar que ela é santa pelo poder de Deus, dando maior honra e glória a Ele.
No Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1161, é trazido um trecho do Concílio de Necéia II, em 787, no qual se declara sobre a veneração das imagens:
“Na trilha da doutrina divinamente inspirada dos nossos santos Padres, e da Tradição da Igreja Católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos com toda a certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como a representação da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e as vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, quanto a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos.”
Esperamos ter sanado essa questão! Que a paz de Cristo e o amor de Maria esteja com cada um!
FONTES:
http://cleofas.com.br/por-que-a-igreja-catolica-cultua-as-imagens-de-santos/
http://cleofas.com.br/podemos-venerar-as-imagens-dos-santos/
Catecismo da Igreja Católica – Edição Típica Vaticana. São Paulo: Edições Loyola e Paulinas Editora, 2000.